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REDES SOCIAIS

Lembro-me de estar a terminar a faculdade, há cerca de 10 anos, e começar a ver as marcas a invadirem as redes sociais. Foi um fenómeno bizarro porque era uma usurpação do “meu espaço” reservado ao meu círculo de amigos. De repente era normal receber um pedido de amizade de uma marca de tintas. Mais estranho ainda era eu aceitar.

O que estava a acontecer?

Esta situação acontecia antes do Facebook ter criado as páginas, quando ainda só havia perfis pessoais. Já nessa altura, as marcas perceberam que seria importante furar para estar ali, sentados lado a lado com o cidadão comum a fazer sala. Eu naturalmente convidava-as para entrar e servia o chá, mais curioso para saber o que queriam de mim, do que propriamente para descobrir o conforto das palmilhas que anunciavam.

Para mim o mais peculiar é que todas estas marcas tinham uma data de aniversário. Mais tarde ou mais cedo chegava o aniversário delas, não sei se real ou uma data qualquer (por exemplo de alguém da firma responsável por abrir o perfil). Dava por mim, no mesmo dia, a desejar os parabéns ao António e a uma marca de cabides. Ao dois perguntava onde pagavam um fino mais logo. Na maior parte das vezes o cabide deixava-me pendurado, como aliás é apanágio do próprio.

Esta dissonância entre a realidade e uma marca ecoou na minha cabeça durante bastante tempo. Também as marcas parecem ter refletido sobre isto e algo mudou.

Qual é então a razão para, hoje, eu deliberadamente seguir uma série de marcas nas minhas redes sociais? Porque aceito que textos e imagens de marcas se cruzem com as dos meus amigos?

Porque as marcas realmente podem ter algo para dizer. Têm uma identidade, que já existia antes das redes sociais, continuamente criada inconscientemente na cabeça de cada consumidor. Uma marca de sumo pode não ter nada para dizer na primeira pessoa. Mas na minha cabeça pode representar as memórias de toda uma vida! Acompanhou-me, sem saber, nas festas de aniversário da infância, nos traçadinhos da faculdade, nos domingos de ressaca e nos lanches ajantarados com a família emigrada. Esse sumo estava lá. O que me faz querer ser amigo desta marca tem muito a ver com a definição da minha própria identidade. Sentindo que é honesto e que falamos a mesma linguagem, não pode ser errado criar empatia com uma entidade aparentemente abstrata (que aliás é sempre construída de pessoas como nós).

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Um perfil nas redes sociais pode fazer esta ponte entre a identidade da marca e a identidade dos próprios consumidores. Quando é natural, esta sintonia existe. Hoje dou por mim a seguir uma série de marcas me inspiram, trazem uma ideia, uma vibe genuinamente fresca e nova à minha vida. Há quem diga que será sempre uma marca e não um amigo nosso. Mas até que ponto os nossos amigos partilham conteúdos ou informações que nos interessam? Eu acho que dispensava a foto da lasanha congelada do Nuno.

As marcas perceberam que papel poderiam ter nas redes sociais, e felizmente a tempo, porque após todos estes anos, não teria vontade de voltar a enviar uma mensagem de parabéns a uma marca de jantes.

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