O ChatGPT entrou de rompante nas nossas vidas. E até a própria OpenAI, a empresa criadora deste chatbot de Inteligência Artificial (IA) gerador de texto, ficou surpreendida com o que tinha em mãos. Apresentou o ChatGPT sem grande pompa, como se fosse o teaser da investigação que estava a desenvolver e queria feedback do público. Mesmo com este underselling, o ChatGPT tornou-se viral, criou uma excitação global e tornou-se na aplicação de consumo com o crescimento mais rápido da história, ultrapassando o TikTok.
O que vemos quando entramos no ChatGPT? Uma caixa de texto. Nós escrevemos, perguntamos, e ele responde de volta. Comparando com outros chatbots, a grande novidade é agora recebermos respostas, na maior parte das vezes com sentido, com um discurso articulado e que parecem ter sido escritas por uma pessoa, e não por um robot.
Saiba mais sobre a ascensão da inteligência artificial e do ChatGPT no artigo: https://www.theverge.com/2023/3/26/23655456/chatgpt-bard-bing-ai-race-text-boxes
O ChatGPT abriu novas portas ao mundo da criação de conteúdos, com muitos benefícios ainda por descobrir. Vem aí uma revolução no copywriting com o ChatGPT? É praticamente impossível conseguirmos prever todas as possibilidades que esta ferramenta pode criar. Quando surgiu a internet previu-se o advento do correio eletrónico e das videochamadas, invenções estas que nada mais eram do que melhorias de processos que já existiam nas nossas vidas. Não se vaticinaram de todo completas disrupções em modelos de negócio como aconteceu com aplicações hoje ubíquas como o Spotify, Uber ou Airbnb. Vivemos agora o mesmo momento com a IA.
O ChatGPT para já é uma manifestação da Inteligência Artificial no nosso dia a dia. Tem uma utilização prática que pode ser descrita como um assistente de escrita e investigador.
A criação de conteúdos fica assim ameaçada? Como mudará o copywriting com o ChatGPT? Podemos entregar a escrita às máquinas? Os copywriters vão ser todos despedidos? O apocalipse pode afinal não estar assim tão perto.
Até para usar o ChatGPT é preciso ter sentido crítico e escolher bem as palavras para construir a nossa pergunta. Significa isto que para obter o melhor trabalho possível é necessário escrever um prompt (um comando ou instrução), específico, detalhado e que “estimule” a criatividade do ChatGPT.
A versatilidade desta ferramenta não pode ser vista como um inimigo dos copywriters, mas sim como um auxiliar nas rotinas de escrita que são mais desgastantes, pouco criativas e morosas. Como podemos melhorar o copywriting com o ChatGPT? Apresentamos alguns exemplos que mostram como esta ferramenta aprimora as nossas competências enquanto criadores de conteúdo.
– Aumenta a criatividade e expande o nosso vocabulário. O ChatGPT expõe-nos a novas palavras e a diferentes estilos de escrita, o que nos ajuda a libertar da monotonia de frases repetitivas e enriquece o nosso texto.
– Ajuda a superar o “writer’s block”. Os bloqueios e os medos da “folha em branco” têm agora uma solução. O ChatGPT pode eliminar este tipo de obstáculos incapacitantes, dando um ponto de partida e novas perspetivas sobre o tema que estamos a escrever.
– Desenvolve capacidade de narração para histórias mais fortes. Uma narrativa envolvente é a espinha dorsal de uma mensagem eficaz. O ChatGPT ajuda-nos a aperfeiçoar a nossa narrativa com sugestões de ângulos e abordagens.
– Acelera a geração de ideias. O ChatGPT pode ser o parceiro para “bater bolas” e fazer um brainstorming do que estamos a desenvolver. Poderá sugerir-nos conceitos, referências e publicações que nos encaminham para uma ideia mais sólida.
Fica ameaçado o copywriting com o ChatGPT? A substituição de copywriters não está no horizonte. Pode sim ajudá-los a melhorar as competências, a dotá-los de mais ferramentas e de os livrar das tarefas repetitivas. É produtivo termos um copywriter alocado a rever infindáveis tabelas de Excel à procura de palavras-chave? No caso de uma agência de marketing, um profissional acrescenta mais valor à empresa quando é colocado a desenvolver uma ideia, uma campanha ou um texto que diferencie uma marca. Liberto do trabalho desgastante e pouco estimulante, um copywriter ganha mais liberdade criativa com ferramentas como o ChatGPT.
Há ainda outra dimensão humana que temos de valorizar. Na recente greve dos argumentistas em Hollywood podia ler-se no cartaz de uma protestante: “ChatGPT doesn’t have childhood trauma”. São exatamente esses traumas, os sentimentos mais profundos, as experiências vividas, as subtilezas e conflito de emoções que dão aos seres humanos uma voz única e uma habilidade para a escrita que nenhuma linguagem assente na inteligência artificial consegue imitar. Daqui a uns anos talvez possa vir a acontecer, mas neste momento, a sensibilidade, o bom senso e o sentido crítico humano ainda não é comparável com o do ChatGPT.
Voltamos a falar em breve e estamos atentos aos desenvolvimentos da IA para saber quão mal vai envelhecer este texto.
Escrito por: Pedro Figueiredo